Relações interpessoais

Caracterizar processos fundamentais de cognição social.

Processos fundamentais da cognição social

A cognição social é o papel desempenhado por fatores cognitivos no nosso comportamento social, procurando conhecer o modo como os nossos pensamentos são afetados pelo contexto social. Este processo é uma forma de conhecimento e de relação com o mundo dos outros.

Os processos de cognição social são :

  • Impressões;
  • Expectativas;
  • Atitudes;
  • Representações sociais. 

                             

    Impressões

Este processo é o primeiro contacto que temos com alguém que não conhecemos, construindo assim uma ideia, sobre essa pessoa a partir de algumas características, acontecendo também isto com os objetos.

Contudo, há diferenças nessas ideias de que ficamos, quando se trata de pessoas, a  impressão é mútua, ou seja, o outro também tem impressões sobre nós;                                                                                         Algumas das primeiras impressões quando são modificadas, têm tendência a rejeitar a nova informação, visto que a ideia que fica é a do 1º contacto.

Impressão e categorização

Para simplificar o armazenamento de toda a informação, recorre-se a um processo de categorização, ou seja, junta-se os objetos, as pessoas, as situações, a partir daquilo que se considera serem as suas diferenças e semelhanças.

No caso das impressões classifica- se as pessoas em categorias, esta ideia global vai orientar o  comportamento, porque nos fornece um esboço psicológico da pessoa em questão. A caracterização permite simplificar a complexidade do mundo social. Esta categorização contempla três tipos de avaliação:

  • Afetiva
  • Moral
  • Instrumental

A categorização inerente à formação das impressões orienta o nosso comportamento. Ao desenvolvermos expectativas sobre o comportamento dos outros a partir das impressões que formamos, isso possibilita-nos planear as nossas ações, o que é um facilitador do processo das interações sociais.

A formação das impressões

Na base da formação das impressões está a interpretação. A maneira como formamos uma impressão tem como base quatro indícios, são eles:

  • Físicos – aparência, expressões sociais e gestos. 
  • Verbais – o modo como a pessoa fala, surge como um indicador de instrução
  • Não - verbais – vestuário, o modo como a pessoa se senta ou gesticula enquanto fala.
  • Comportamentais – conjunto de comportamentos. 

O efeito das primeiras impressões

A primeira informação é a que tem maior influência sobre as nossas impressões, uma das características  é a sua persistência, dado que, a partir de algumas informações constituímos uma ideia geral sobre a pessoa, e é muito difícil alterarmos a nossa ideia, mesmo que, recebamos informações que contradizem a nossa impressão inicial. É quase como uma rejeição das novas informações.

Efeito de Halo – se as primeiras impressões forem positivas, temos tendência a criar algo de bom sobre a pessoa, a idealizar uma boa relação, sendo que o contrário também se verifica.

Expectativas

As expectativas são o  modo que caracterizamos uma pessoa através dos indícios e das informações, prevendo o seu comportamento e as suas atitudes. As expectativas são mútuas, isto é, o outro com quem interagimos desenvolve também expectativas relativamente a nós.

O facto de não conhecermos a pessoa leva-nos a construir esquemas interpretativos que organizam a informação que captamos e que estão na base das impressões e das expectativas.

Nós comportamo-nos de acordo com aquilo que pensamos que os outros pensam de nós.

Expectativas, estatuto e papel

Ao exercer as funções respetivas, há um conjunto de expectativas mútuas que regulam as relações.

A cada estatuto corresponde um papel, ou seja, um conjunto de comportamentos que são esperados num indivíduo com determinado estatuto. No caso de uma professora nós esperamos que ela ensine bem. Existe, portanto, uma complementaridade entre estatuto e papel.

Numa sociedade, os papeis sociais prescrevem todos um conjunto de comportamentos, possuem padrões de comportamentos próprios, de tal forma institucionalizados que os seus membros sabem quais as reações que um seu comportamento pode provocar – expectativa de conduta.


O efeito das expectativas

Robert Rosenthal, para conhecer o efeito das expectativas dos docentes relativamente aos seus alunos desenvolveu uma investigação sistemática recorrendo a várias experiências.

A experiência fala da autorrealização das profecias. Alguns autores designam por Efeito de Pigmalião, que é as consequências que advêm do processo de profecia.

Entretanto, Rosenthal estudou as atitudes dos professores face às outras crianças, analisando um outro grupo que apresentava sucesso escolar e desenvolvimento intelectual, mas que não tinha sido previamente assinalado aos professores. Estes consideravam estas crianças menos interessantes e menos adaptadas do que as outras. Isto é, os alunos que foram bem sucedidos sem que isso tenha sido previsto foram encarados de forma negativa pelos professores.

Rosenthal conclui que as expectativas interferem de facto nos resultados, reconhecendo, contudo, que este processo que envolve investigadores e professores não é consciente.

Sem termos consciência ou intenção, as nossas atitudes e perceções acabam por influenciar os comportamentos dos outros, que, por sua vez, influenciam os nossos. Movidos pela intuição, afetados pelas nossas impressões, produzimos expectativas em relação aos outros, que, como um espelho, devolvem impressões e expectativas.

Atitudes

Uma atitude é uma tendência para responder a um objeto social, uma situação, uma pessoa, um grupo ou até mesmo um acontecimento, de modo favorável ou desfavorável. A atitude não é, portanto, um comportamento mas sim uma predisposição. É uma tomada de posição intencional de um indivíduo face a um objeto social. 

As atitudes desempenham um papel importante no modo como processamos a informação do mundo social em que estamos inseridos. Permitem-nos interpretar, organizar e processar as informações. É este processo que explica que, face a uma mesma situação, diferentes pessoas a interpretem de formas distintas.

Componentes das atitudes

Construídas ao longo da vida, mas com especial incidência na infância e na adolescência, as atitudes envolvem diferentes componentes interligadas. Nas atitudes, podem distinguir-se três componentes:

  • Componente cognitiva – é construída pelo conjunto de ideias, de informações, de crenças que se têm sobre um dado objeto social. É o que consideramos como verdadeiro acerca do objeto.
  • Componente afetiva - conjunto de valores e emoções, positivas ou negativas, relativamente ao objeto social. Está ligada ao sistema de valores, sendo a sua direção emocional.
  • Componente comportamental – conjunto de reações, de respostas, face ao objeto social. Esta disposição para agir de determinada maneira depende das crenças e dos valores que se têm relativamente ao objeto social.


Atitudes e comportamentos

As atitudes não são diretamente observáveis: inferem-se dos comportamentos. Também é possível, a partir de um comportamento, inferir a atitude que esteve na sua origem. Assim, se soubermos que uma pessoa tem uma atitude negativa face ao tabaco, podemos prever a forma como se comportará face a uma campanha anti – tabaco, ou como reagirá se fumarmos junto a ela, ou seja, à partida vai reagir mal.

As reações de uma pessoa face a uma situação podem permitir prever a atitude que lhe está subjacente.


Formação e mudança de atitudes

As atitudes não nascem connosco, formam-se e aprendem-se no processo de socialização. São vários os agentes sociais responsáveis pela formação das atitudes: os pais e a família, a escola, o grupo de amigos...

São sobretudo os pais que exercem um papel fundamental na formação das primeiras atitudes nas crianças. A educação escolar desempenha, na nossa sociedade, um papel central na formação das atitudes. Na adolescência, tem particular relevo o grupo de amigos.

É através da observação, identificação e imitação dos modelos que se aprendem, que se formam as atitudes. Esta aprendizagem ocorre ao longo da vida, mas tem particular prevalência na infância e na adolescência. Há, contudo, uma tendência para a estabilidade das atitudes.


Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora